“Não quero nem devo lembrar aqui por que me encontrava naquele aeroporto. Só sei que em redor tudo era silêncio e treva. E me sentia bem naquela solidão.”
- Haaaaaaaa! - Gritei, com força, toda força que existia em mim.
Olhei para o lado, nem sinal. Os lençóis intactos, vermelhos como sangue, mas frios como o ar lá fora.
Levantei, não tinha escolha o sono já havia me deixado, sim ele também havia me deixado, preparei meu café, li meu jornal, pulei o caderno policial como se não existisse, conversei com a Mariquita que não parava de cantar na gaiola:
- Como consegue ser tão feliz Mariquita? Água e comida já lhe são suficientes para cantarolar feliz o dia todo! Como consegue? Não sente falta do ar lá fora?
Mariquita, como se entendesse piava mais alto. Acho que assim como todos da rua, ela também pensa que eu estou louca:
- Louca eu? Por que estaria louca? Se loucura se define por querer reencontrar a felicidade, talvez sim, eu esteja louca.
Passei o dia andando pela casa, meu psicólogo diz que ainda não estou bem para voltar a trabalhar, acho que assim como Mariquita e todos da rua ele também acha que estou louca:
- Quanta bobagem!
Sentei-me ao sofá, troquei de canal, pois, as notícias iriam começar, e quem é que gosta de ver notícias, são sempre notícias ruins, esse povo do Jornalismo gosta mesmo de transmitir coisas ruins, de cada dez matérias, certamente, oito são de catástrofes. E afinal de contas, novidades sobre acidentes de aviões eu não preciso mais saber.
O sono começou a bater, levantei, segui em direção a cama, deitei. E num determinado momento, sublime momento me decidi, me decidi como nunca havia decidido antes, percebi que não se tratava somente dele, mas de mim, da minha vontade:
- Vai ser hoje, ou melhor, vai ser agora!
Senti meu coração pulsar diferente, minhas pupilas já não eram as mesmas, a respiração ficou compassada, relaxei totalmente e, o sonho me pegou.
Não quero nem devo lembrar aqui por que me encontrava naquele aeroporto. Só sei que em redor tudo era silêncio e treva. E me sentia bem naquela solidão. Ele estava lá, enquanto eu recebia a notícia, e dessa vez me fez escutar até o fim e lembrar, por que agora era a hora, o porque ele havia me deixado, o porque havia partido dessa vida e demorado tanto para vir me buscar. No mesmo instante percebi que não sentiria mais os raios do sol entrando pela janela do quarto, não me viria mais no reflexo do antigo espelho comprado simplesmente para saber se permanecia viva nos monótonos amanhecer. Pensei em Mariquita, a linda pomba branca, fruto da minha imaginação, companheira de longos meses. Fiquei imaginando meu corpo sobre os frios lençóis vermelhos e os vizinhos comentando a morte natural da jovem louca que morava no sótão da esquina. E de súbito, sorri, ele ao meu lado sorriu também.
Ameiiiii o texto... e a foto tbm!!!! Cada vez mais me orgulho de se tua amiga...hahahaha Tu é uma artista guria!!!! =D
ResponderExcluirQue saudade do tempo q eu lia contos! Aiii... q tri guria... merece e mto os parabéns, ficou show mesmo teu texto! Linda, inteligente e criativa... eitaaaa! Beijãooooo
ResponderExcluirHahaha me achei! Obrigada minhas flores do coração ão ão! AMOO
ResponderExcluirSe loucura se define por querer reencontrar a felicidade, talvez sim, sejamos todas loucas...
ResponderExcluirLindo e comovente seu texto, menina.
Grata por passar pela minha casinha.
beijos
Rossana